segunda-feira, 12 de junho de 2023

O banquete oferecido aos melhores amigos. O que é o amor?

 

Querido leitor e ouvinte, hoje dia 12 do mês de junho, ano de dois mil e vinte e três, considerado o dia dos namorados, tenho a honra de apresentar, a resenha de um livro muito emocionante. É um livro de grande importância cultural, no qual, certamente irá mexer com sua imaginação. É repleto de grandes pensadores. O nome do livro “O banquete de Platão” tema central, o amor. O que seria o amor para os gregos em 380 anos antes de Cristo? Iremos descobrir no decorrer dos diálogos feitos pelos maiores pensadores da história. O banquete teve inicio através do convite feito pelo poeta Agatão. A história nos conta que Agatão ganhou um grande concurso de poemas em Atenas, hoje capital da Grécia; Com essa vitória, o poeta resolveu promover um banquete particular em casa, e assim convidou seus melhores amigos. Na casa do poeta tinha uma enorme mesa circular com vários alimentos, e os convidados se sentaram lado a lado. Em meio aos comes e bebes, alguém propôs um assunto para discutir, e o tema lançado sobre a mesa foi o amor. De fato, depois da vitória de um poeta o que mais poderia ser discutido se não fosse o amor? Então, cada convidado teve o compromisso de propor uma ideia nova sobre o amor verdadeiro. O primeiro a lançar a proposta sobre o amor foi um pensador retórico de nome Fedro. Ele se levantou e em alta voz afirmou que o amor é um grande deus, um dos mais velhos deuses, e a maior capacidade do amor é tornar virtuoso aquele que ama. Em outras palavras, o amor torna o amante bom, belo, sincero, amável, querido, leal, generoso, decente, justo. Por que Fedro falou essas palavras? A resposta é clara. É porque, quando nós homens estamos apaixonados por alguém, fazemos de tudo para que a pessoa preste atenção em nós. Então, quando estamos apaixonados nós nos esforçamos para dar o melhor, visando chamar a atenção da pessoa amada. Noutra visão, quando estamos iludidos, fazemos coisas boas, coisas belas, sinceras, justas, objetivando chamar atenção da pessoa que agente ama. Nesse sentido, percebe-se que o amor possui a propriedade de tornar o amante virtuoso, mas por quê? Porque o amante quer mostrar para a amada que é uma pessoa interessante. Assim que Fedro conclui suas exposições a respeito do amor, senta-se e em seguida, levanta-se o próximo a falar. Pausânias foi o segundo pensador que se levantou. A proposta de Pausânias é a seguinte: O amor não é um deus, e sim duas deusas, pois existem duas Afrodites: a Afrodite Pandêmia e Afrodite Urânia. A primeira representa o amor físico, já a segunda, o amor intelectual. Existe o amor entre corpos e o amor entre mentes. Qual é o mais importante? Qual é o amor superior? É o amor entre mentes. É o amor intelectual, porque o amor entre corpos termina muito cedo. No entanto, Pausânias começa teorizar várias formas de amor. Ele coloca no meio do discurso um homem jovem com uma mulher jovem. E questiona. O que é que dois jovens vão aprender um com o outro? Não vão aprender nada, porque nada tem a ensinar. Os jovens estão apegados ao corpo. Vamos analisar agora o amor entre velhos sábios. Os velhos sábios nada têm a aprender um com o outro, porque os dois sabem. Ele continua. Amor entre dois jovens não é o mais adequado. Amor entre homem e mulher não é o ideal. Amor entre dois senhores sábios não pode. O que seria o amor para Pausânias. O amor belo para Pausânias é o amor entre um velho virtuoso e que tenha vontade de ensinar, e um jovem aprendiz que tenha o desejo de aprender. Por que Pausânias levantou essa ideia de amor? Ele quis dizer que o amor entre um velho sábio com um jovem aprendiz compartilham das virtudes intelectuais da alma humana. O amor verdadeiramente intelectual. Nesse sentido, o jovem se torna virtuoso na medida em que houve os ensinamentos do velho. Em quanto o jovem estiver amando o velho, vai aprendendo o que é a vida, a justiça, o perdão, o amor. O velho, no entanto, em quanto estiver exercendo seus ensinamentos se torna mais experiente ainda. A conclusão de Pausânias para o amor é a seguinte. O belo amor é entre um jovem que tenha o desejo de aprender e um velho que tenha o desejo de ensinar. A representação do amor intelectual. Depois que Pausânias conclui suas palavras e senta no seu banquinho, levanta-se o terceiro pensador de nome Erixímaco, e começa questionando. Como é que funciona o mundo? O mundo é feito de opostos. Quente e frio, alegria e tristeza, bem e mal, porém o mundo real é o lugar onde os opostos não se apresentam assim, eles se apresentam de forma misturada e o que misturam são os opostos? O amor é a energia que atrai ordenadamente os opostos, é equilíbrio entre os opostos. De forma que o amor saudável é o amor equilibrado. Vamos ao seguinte exemplo: Você tem uma namorada que quer ver ela todos os dias. Você faz várias surpresas pra ela, manda flores, dar caixa de bombons, enche de presente, todos os dias toda hora, isso acaba se tornando exagerado. Do outro oposto você não dar atenção nenhuma, não dar presentes, não liga, não fala nada, isso também é ruim. Outro exemplo prático: O ciúme. Muito ciúme nos relacionamentos é destrutível, mas não ter ciúme também é ruim, porque isso quer dizer desprezo, a pessoa não se importa. Para Erixímaco, o amor saudável é o equilíbrio. Ao concluir suas palavras o médico Erixímaco se senta, e em seguida levanta-se o grande comediante Aristófanes. O comediante inicia suas palavras com o mito do andrógino. Em tempos remotos, os seres humanos não tinham a forma que temos hoje. Eles eram semelhantes a bolas, tinham quatro braços, quatro pernas, quatro olhos, dois rostos, dois órgãos genitais, ou seja, o dobro que temos atualmente. Eles se moviam rapidamente, eram completos, não precisavam de mais nada. Os andróginos se dividiam em três classes: macho-macho, fêmea-fêmea, macho-fêmea, ou seja, homem-homem, mulher-mulher, homem-mulher. Em um determinado dia, essas bolotas de seres, olharam para o céu e vendo as nuvens, sabendo que ali era a morada dos deuses, resolveram expiar. As bolotas, no entanto, fizeram uma torre humana e subiram. Ao chegar lá nas nuvens os deuses estavam almoçando. Um deles disse ao deus dos deuses, pô Zeus tem que fazer alguma coisa, esses terráqueos ai estão nos expiando. Zeus respondeu: se eu eliminar esses caras ai, quem é que vai me louvar, porém não vou deixar isso assim não. Zeus então pegou sua espada e partiu todas as bolotas ao meio em um único golpe. As bolotas então, se espalharam e perderam sua outra parte. A partir desse evento, as pessoas foram obrigadas a viver com esse formato. No entanto, Zeus colocou nos seres humanos o Eros, ou seja, o desejo alucinado por reencontrar a outra metade. O que afinal de contas nos conta esse mito? Este mito nos explica que no final das contas, no meio desse monte de gente que forma o que chamamos mundo, tem apenas um ou uma pessoa que nos faz feliz completamente. Existe apenas aquela pessoa que é a tampa da panela, metade da laranja. Naturalmente, quando encontrarmos, não vamos ter dúvidas que é nossa antiga metade. Existe apenas um sujeito ou uma fulana que pode nos dar a felicidade suprema. É preciso salientar a presença da homossexualidade nesse meio, pois um terço das pessoas foi misturado. Ou Aristófanes está enganado ou uma grande parte das pessoas está se escondendo no armário. A proposta de Aristófanes explica o homossexualismo. Qual é a condição de felicidade com essa proposta? O reencontro com a cara metade, a alma gêmea. Depois que Aristófanes sentou-se, o poeta Agatão levantou-se, e as pessoas abriram seus ouvidos para ouvir seu discurso sobre o amor. Agatão começou a discorrer suas belas palavras, destaca-se, no entanto que, ele havia ganhado um grande concurso em Atenas. No banquete ele discorreu um maravilhoso discurso, o grande objetivo do discurso foi o de encontrar os atributos do amor. A conclusão de Agatão foi a seguinte: o semelhante ao semelhante busca. O belo buscará o belo. O justo buscará a justiça, o bom anda com o bom. O amor é belo, se o amor é belo, o belo busca a beleza. O amor atrai a beleza. O amor é a identificação entre o amante e o amado. Por que o amante e o amado se identificam? Porque são parecidos. Se o amor é belo, o amor atrai o belo. Assim que Agatão terminou seu discurso, os convidados começaram a aplaudir, uns disseram, este é o grande poeta Agatão, o que mais poderia esperar do vencedor do discurso lá em Atenas? Ele propôs uma ideia excelente sobre o amor, Agatão está certo. Sócrates foi o último a falar, e disse para um dos amigos, essa é a desvantagem de falar depois de Agatão, um discurso tão belo como esse. É claro que Sócrates foi irônico. Sócrates já tinha percebido as falhas do discurso de Agatão. Sócrates inicia seu discurso, se vira para Agatão e diz puxa que discurso belo. Eu pensava que o que realmente importava era a busca da verdade a respeito do amor. Como eu Sócrates poderia me opor a tantas perspectivas sobre o amor lidando com sábios. Eu que nada sei, tenho certeza que sou incompleto. Sou ignorante das principais coisas. Eu Sócrates jamais poderia rebater e superar essas perspectivas tão fascinantes faladas aqui. No entanto, Sócrates se vira para Agatão e diz: estou impressionado com seu discurso magnífico, citou vários pensadores, mas vem cá me responde uma coisa. O amor discutido aqui é por algo ou por nada. Agatão responde: é evidente que é o amor é por algo. Sócrates continua; o amor então é um desejo não é? Agatão responde claro que o amor é um desejo. Sócrates faz mais uma pergunta; é um desejo por algo que falta né, ou você acha que alguém deseja o que já tem? Geralmente alguém só deseja o que não tem. Agatão continua caindo na armadilha de Sócrates e afirma que é sim. Sócrates conclui, ora, se o amor é um desejo, e se deseja algo que falta. Você havia dito antes que o amor atrai o belo, mas se o amor atrai o belo é porque ele deseja, e se ele deseja o belo é porque não tem. Portanto, o amor não é o belo. Sócrates com sua proposta acaba de destruir a teoria de Agatão e dos demais amigos a respeito do que seria o amor. Ele desenvolveu várias teorias sobre o amor e depois afirmou que não saberia mais dizer sobre o amor por nada saber, contudo, resolveu falar o que aprendeu vindo ao banquete; na estrada conheceu uma sacerdotisa de nome Diotima que falou um pouco sobre o que seria o amor. Então, percebe-se que Sócrates não sabe mais nada sobre o amor, ele teve que ouvir uma mulher. Ela disse que o amor não é a beleza, mas também não é a feiura. O amor não é um deus. O amor se situa entre o belo e o feio, o amor reside entre o mortal e o imortal, o amor é o filho de dois seres; o amor é o caminho e a penúria. O caminho simboliza a certeza de alguma coisa, já a penúria a carência de algo. Portanto, o amor é o desejo pelo belo e pelo bem sem tê-los. O Amor é uma busca pelo conhecimento do bem e do belo. É uma busca que só pode ser empreendida por quem reconhece que não é belo e bom, e dispõe a caminhar na estrada certa. O amor está entre a sabedoria e a ignorância. Quem é o sábio? É aquele que tem certeza que não sabe. Quem é o ignorante? É aquele que nada sabe, mas acha que tudo sabe. O sábio não deseja porque já sabe, e o ignorante não deseja porque embora não saiba já acha que sabe de tudo. O amor é aquele que não sabe de nada, mas que busca humildemente saber. Nesse sentido, somente ele pode desejar. Ele busca saber mesmo tendo certeza que não é o autor da verdade. O amor é o filósofo.

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